Laparoscopia em cirurgia oncológica

Nem sempre é necessário grandes cortes para a retirada de um tumor…

L A P A R O S C O P I A
– A laparoscopia significa literalmente uma “olhada” dentro do abdome. É uma via acesso ao lado de dentro através de incisões pequenas que passem uma câmera e instrumentais de trabalho. Ela serve tanto para só “olhar” e retirar algum tecido para biópsia ou para guiar uma cirurgia inteira substituindo os grandes cortes no abdome.
– As primeiras cirurgias realizadas totalmente sob auxílio de câmeras foram as colecistectomias (retirada de vesícula biliar) nos anos 1980. Nos últimos 20-30 anos houve um crescimento na disseminação da tecnologia de aparelhagem e instrumentos e também na capacitação dos cirurgiões. Graças a isso, hoje não só as vesículas podem ser operadas sem uma grande corte. A cirurgia bariátrica, cirurgias de refluxo, cirurgias urológicas, há um tempo já estão bem estabelecidas em sua segurança e praticabilidade.
– Nas últimas décadas, grandes centros internacionais começaram a publicar estudos de segurança e igualdade de resultados na cirurgia oncológica do trato gastrintestinal. Já está bem definido e recomendado que o tratamento cirúrgico minimamente invasivo para câncer colorretal e o câncer gástrico precoce é tão eficaz quando a cirurgia aberta e com benefícios na recuperação. A dissecção do esôfago torácico por toracoscopia segue também como padrão. Outros tipos de tumores também estão sendo operados com adequada segurança e embasamento científico e de acordo com a habilidade e treinamento da equipe cirúrgica, como pâncreas (principalmente nos tumores distais) e fígado.
Se o cirurgião se propõe a retirar um tumor por abordagem laparoscópica ou por cirurgia robótica, que benefícios o paciente teria?
1) uma cirurgia com excelente visualização magnificada do campo cirúrgico, uma abordagem precisa das estruturas, com pouca manipulação dos outros órgãos. Menor sangramento.
2) uma cirurgia sem necessidade de grandes afastadores e retratores – muito associados a trauma da parede abdominal e até mesmo fratura de arcos costais nas cirurgias do andar superior. Menor índice de infecção de sítio cirúrgico.
3) uma cirurgia com menor dor-operatória do que a cirurgia convencional, uso de menos medicação para controle álgico e menos efeitos colaterais desses remédios.
4) uma cirurgia de retorno mais precoce à deambulação, alimentação e atividades leves do dia a dia. O tempo de internação geralmente também é menor.
5) uma cirurgia com incisões menores, que gera melhor resultado cosmético, menor risco de evisceração e hérnias.
– Nós operamos por laparoscopia? Sim. Temos uma equipe – é necessário um time engajado para que aconteça uma cirurgia adequada, além dos cirurgiões, anestesistas, instrumentadores e enfermagem experientes em videocirurgia. A laparoscopia também não dispensa a fisioterapia e a nutrição pré e pós-operatória.
– Existem contraindicações relativas e absolutas e existe necessidade de material de alto custo, alguns totalmente cobertos pelos convênios, outros não. Existem também os tumores mais avançados ou pacientes que sabidamente têm muitas aderências, múltiplas cirurgias prévias… – em que o cirurgião pode preferir recomendar a clássica e convencional cirurgia aberta.

O mais importante é ser tratado.
Se o tumor puder ser operado e retirado, deve ser feita a cirurgia mais prontamente disponível.

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